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terça-feira, 9 de julho de 2013

SERÁ QUE ANDRÔMEDA JÁ COLIDIU COM A VIA LÁCTEA HÁ 10 BILHÕES DE ANOS?


Diagrama esquemático que mostra como a Galáxia de Andrômeda (em baixo, à direita), colidiu com a Via Láctea (na intersecção dos eixos) há 10 bilhões de anos, moveu-se até uma distância máxima de mais de 3 milhões de anos-luz e está agora se aproximando da nossa Galáxia novamente. A linha mostra o percurso de Andrômeda em relação à Via Láctea.
Há já muitos anos que os cientistas acreditam que a nossa Galáxia, a Via Láctea, vai colidir com a sua vizinha, a Galáxia de Andrômeda, daqui a cerca de 3 bilhões de anos, e que essa será a primeira vez que tal colisão ocorrerá.
Mas uma equipe europeia de astrônomos, liderada por Hongsheng Zhao da Universidade de St. Andrews, propõe uma ideia muito diferente; que os dois Universos-ilha já colidiram no passado, há cerca de 10 bilhões de anos, e que a nossa compreensão da gravidade está fundamentalmente errada. Notavelmente, isto explicaria perfeitamente a estrutura observada das duas galáxias e dos seus satélites, algo que tem sido difícil explicar até agora. O Dr. Zhao apresentou o seu novo trabalho numa reunião da Sociedade Astronômica Real em St. Andrews, Escócia.
A Via Láctea, composta por cerca de 200 bilhões de estrelas, faz parte de um grupo de galáxias chamado Grupo Local. Os astrofísicos frequentemente teorizam que a maioria da massa do Grupo Local é invisível, constituída pela chamada matéria escura. A maioria dos cosmólogos acreditam que em todo o Universo, esta matéria supera a matéria "normal" por um fator de cinco. A matéria escura tanto em Andrômeda como na Via Láctea torna a interação gravitacional entre as duas galáxias forte o suficiente para superar a expansão do Cosmos, de modo que estão movendo-se na direção uma da outra a cerca de 100 km/s, rumo a uma colisão que ocorrerá daqui a 3 bilhões de anos.
Mas este modelo é baseado no modelo convencional da gravidade desenvolvido por Newton e modificado por Einstein há um século atrás, e esforça-se por explicar algumas propriedades das galáxias que vemos ao nosso redor. O Dr. Zhao e a sua equipe argumentam que, atualmente, a única maneira de prever com sucesso a força gravitacional de qualquer galáxia ou pequeno grupo galáctico, antes de medir o movimento das estrelas e do gás, é fazer uso de um modelo proposto pela primeira vez pelo professor Mordehai Milgrom do Instituto Weizmanne, em Israel, em 1983.
Esta teoria modificada da gravidade (MOND ou Modified Newtonian Dynamics) descreve como a gravidade se comporta de forma diferente em escalas maiores, divergindo das previsões feitas por Newton e Einstein.
O Dr. Zhao e colegas usaram esta teoria pela primeira vez para calcular o movimento do Grupo Local de galáxias. O seu trabalho sugere que a Via Láctea e a Galáxia de Andrômeda tiveram um encontro há cerca de 10 bilhões de anos. Se a gravidade está em conformidade com o modelo convencional em escalas maiores, então tendo em conta a suposta atração gravitacional adicional da matéria escura, as duas galáxias teriam se fundido.
"A matéria escura age como mel: num encontro próximo, a Via Láctea e a Galáxia de Andrômeda ficariam 'coladas' uma à outra, figurativamente falando," afirma o membro da equipa professor Pavel Koupa da Universidade de Bona, Alemanha. "Mas se a teoria de Milgrom está certa," afirma o colega Dr. Benoit Famaey (Observatório Astronômico de Estrasburgo)," então não existem partículas escuras e as duas grandes galáxias poderiam simplesmente ter passado uma pela outra, atraindo assim matéria uma da outra através da formação de grandes e finos braços de marés."
Formariam-se então pequenas novas galáxias nestes braços, "um processo frequentemente observado no Universo atual," acrescenta o membro da equipe Fabian Lueghausen, também de Bona. O Dr. Zhao explica: "A única maneira de explicar como as duas galáxias poderiam passar perto uma da outra sem se fundirem é se a matéria escura não estiver lá. As evidências observacionais de um encontro próximo passado, então, apoiam fortemente a teoria Milgromiana da gravidade."
Uma assinatura deste gênero pode já ter sido descoberta. Os astrônomos esforçam-se para compreender a distribuição das galáxias anãs em órbita tanto da Via Láctea como de Andrômeda. As galáxias anãs podem ser explicadas se nascerem de gás e estrelas arrancadas das duas galáxias-mãe durante o seu encontro próximo.
Pavel Kroupa vê isto como a "arma fumegante" para a colisão. "Dado o arranjo e o movimento das galáxias anãs, não vejo como qualquer outra explicação funcionaria," comenta. A equipe pretende agora modelar o encontro usando a dinâmica Milgromiana.
No novo modelo, a Via Láctea e Andrômeda ainda vão colidir novamente nos próximos bilhões de anos, mas vai ser um "deja vu". E a equipe acredita que a sua descoberta tem consequências profundas na nossa compreensão atual do Universo. Pavel Kroupa conclui: "Se estivermos certos, a história do Cosmos terá que ser reescrita do zero."

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