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domingo, 19 de janeiro de 2014

SUPERTELESCÓPIO OBSERVA IMAGEM DE POEIRA DE SUPERNOVA


Uma enorme quantidade de poeira (vermelho) foi detectada no centro da supernova. Foto: ALMA/Alexandra Angelich / Divulgação
Imagens impressionantes de uma recente supernova transbordando com poeira fresca foram capturadas por um telescópio no deserto do Atacama, no Chile.
É a primeira vez que astrônomos testemunharam a origem dos grãos que formaram as galáxias no chamado universo primordial, a primeira fase de formação do universo após o Big Bang.
As fotos foram capturadas pelo telescópio Alma (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array), e foram reveladas na 223ª reunião da American Astronomical Society. As imagens da supernova, uma explosão estelar, serão divulgadas na publicação científica Astrophysical Journal Letters.
Desvanecimento de gigantes 
O universo está cheio de pequenas partículas sólidas - desde as faixas escuras que vemos na Via Láctea às belas nuvens nas fotos icônicas do telescópio espacial Hubble, lançado em 1990. A poeira cai nos planetas e ajuda na formação de estrelas. Mas apesar de sua onipresença, não há evidências concretas de sua origem.
No universo de hoje, boa parte dessa poeira se forma em torno de estrelas que estão morrendo (AGB). Mas essas gigantes não estavam por perto no início do universo.
"É o mesmo problema que temos na minha casa - há uma grande quantidade de poeira e não sabemos de onde vem. O espaço é um lugar bastante confuso", brincou Remy Indebetouw, astrônomo do National Radio Astronomy Observatory. "Então usamos um dos telescópios mais avançados tecnologicamente, o Alma, e tentamos descobrir como a poeira era formada no universo primordial."
"Há algum tempo acredita-se que as supernovas são as criadoras das poeiras nas galáxias. Mas pegar uma no ato está longe de ser coisa fácil. E mesmo quando conseguimos observar uma supernova envolvida por uma nuvem de poeira, há a velha questão da galinha e do ovo: como sabemos que a nuvem não estava lá antes?
Incômodo 
Para resolver a questão, um grupo de astrônomos do Grã-Bretanha e dos Estados Unidos usou o Alma para observar os restos brilhantes da 1987A, a supernova mais próxima observada recentemente, a 168 mil anos-luz da Terra. Eles observaram que, enquanto o gás esfriava após a explosão, moléculas sólidas se formavam no centro a partir de átomos de oxigênio, carbono, e silício.
Observações anteriores do 1987A com o telescópio de infravermelho Herschel só haviam detectado uma pequena quantidade de poeira quente. Mas, graças ao poder do telescópio Alma, apenas 20 minutos foram necessários para capturar a evidência diante das câmeras.
"Nós encontramos uma notável massa de pó concentrada na parte central do material ejetado (nuvem de partículas)", disse Indebetouw. "E tudo importa - a área vermelha que você vê no centro da imagem - estava lá no núcleo da estrela antes dela explodir. Isso é emocionante.
"As pessoas pensam em poeira como um incômodo, algo que fica no seu caminho. Mas na verdade é algo muito importante."
Enquanto supernovas sinalizam a destruição de estrelas, elas também são a fonte de novos materiais e de energia, diz Jacco van Loon, da Universidade de Keele, coautor do estudo.
"Nossa vida seria muito diferente sem os elementos químicos que foram sintetizados em supernovas ao longo da história", disse ele. "Os grãos são incrivelmente difíceis de produzir no vasto vazio do espaço. E se supernovas realmente produzem muitos deles, isto tem consequências muito importantes e positivas para a eventual formação do Sol e da Terra."

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