MARAVILHA DO UNIVERSO

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quarta-feira, 30 de setembro de 2015

SONDA SPHERE MAPEIA A SUPERFÍCIE DE CERES

SPHERE mapeia a superfície de Ceres
Estas imagens, obtidas com duas semanas de diferença, mostram os dois hemisférios de Ceres e dão-nos as melhores observações feitas até hoje, a partir do solo, do planeta anão. Foram obtidas com o instrumento SPHERE montado no Very Large Telescope do ESO e fazem parte de um trabalho que está a ser levado a cabo desde meados de julho de 2015 e que pretende fazer um mapa polarimétrico da superfície deste objeto.
Orbitando na cintura de asteroides entre Marte e Júpiter, a região conhecida por Cinturão Principal, Ceres foi o primeiro asteroide a ser descoberto em 1801 e trata-se do maior asteroide do Cinturão Principal. O asteroide é o maior reservatório de água existente na vizinhança da Terra e pensa-se que a água se encontra sob a forma de gelo no manto do objeto.
A superfície do planeta anão tem cerca do tamanho da Índia e podemos observar vários pontos brilhantes intrigantes nestas novas imagens. Estes pontos foram também observados de forma cuidada pela sonda Dawn da NASA, que se encontra atualmente em órbita de Ceres. Os astrônomos têm estudado estes pontos, mas a sua verdadeira natureza permanece um mistério. Espera-se, no entanto, que ao comparar os dados obtidos pelo SPHERE com as imagens que a Dawn está enviando para a Terra, os astrônomos possam começar a descodificar este enigma.
Crédito:
ESO, B. Yang and Z. Wahhaj Utilização de imagens e vídeos do ESO
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sexta-feira, 25 de setembro de 2015

SONDA QUE VISITOU PLUTÃO GANHA NOVO DESTINO NOS CONFINS DO SISTEMA SOLARsonda new horizons ganha novo destino

Depois de conhecer Plutão, New Horizons desvendará os segredos do Cinturão de Kuiper...
Após visitar Plutão, em julho de 2015, a sonda New Horizons já ganhou um novo destino. A NASA escolheu um potencial objeto localizado no Cinturão de Kuiper (KBO), que é uma região repleta de corpos menores que se estende desde a órbita de Netuno (30 UA do Sol) até cerca de 50 UA do Sol (1 Unidade Astronômica é igual a distância média entre a Terra e o Sol). E o objeto escolhido para ser visitado pela sonda é conhecido como 2014 MU69,  que encontra-se a quase 1.6 bilhão de km além de Plutão.
Este Objeto do Cinturão de Kuiper (KBO) foi um dos dois potenciais destinos recomendados pela equipe da missão New Horizons. Embora a NASA já tenha selecionado o objeto 2014 MU69 (apelidado de PT1 ou Alvo Potencial 1), haverá um processo natural de revisão para que esse próximo passo da missão se torne oficial.
"Mesmo com a nave espacial New Horizons se distanciando de Plutão, e enviando dados de seu encontro, já estamos olhando para o próximo destino desse grande explorador", disse John Grunsfeld, astronauta e chefe da Missão de Direcionamento de Missões Espaciais da NASA.

Sonda New Horizons vai conhecer objeto do Cinturão de Kuiper
Impressão artística da sonda New Horizons encontrando-se com um planetóide do Cinturão de Kuiper. Créditos: NASA / JHUAPL / SwRI / Alex Parker
Assim como em outras missões espaciais, a New Horizons pode fazer grandes descobertas e pesquisas importantes mesmo após o término de sua missão principal. Essa proposta será avaliada por uma equipe independente de especialistas.
Se tudo correr como previsto, a nave espacial new Horizons deverá começar suas manobras em direção ao seu novo alvo ainda em 2015. Ela deverá realizar uma série de quatro manobras no final de outubro e início de novembro para definir seu curso rumo a 2014 MU69. Qualquer atraso pode resultar em perda de combustível e até mesmo arriscar a missão.
"2014 MU69 é uma ótima escolha, porque é exatamente o tipo de objeto antigo do Cinturão de Kuiper que desejamos conhecer", disse Alan Stern, investigador principal da missão. "A New Horizons foi originalmente projetada para ir além do sistema de Plutão, e explorar objetos do Cinturão de Kuiper. A nave espacial transporta combustível hidrazina extra para um sobrevoo como esse; seu sistema de comunicação é projetado para trabalhar muito além de Plutão; o sistema de energia é projetado para operar por mais anos; e os seus instrumentos científicos foram projetados para operar em níveis de luz muito inferior ao que vai experimentar durante o sobrevoo em 2014 MU69. "

trajetória da sonda New Horizons antes e depois de Plutão
Ilustração mostra a trajetória da sonda New Horizons desde que saiu da Terra até chegar em Plutão, e seu caminho até chegar no objeto do Cinturão de Kuiper chamado 2014 MU69.
Créditos: NASA / JHUAPL / SwRI / Alex Parker

Mas encontrar um alvo adequado além de Plutão não foi uma tarefa fácil. As pesquisas começaram em 2011 com alguns dos maiores telescópios terrestres, e várias dezenas de KBOs foram detectados, mas nenhum estava ao alcance da New Horizons. Porém o Telescópio espacial Hubble conseguiu salvar essa missão-extra, e encontrou dois objetos que poderiam ser alcançados com o combustível restante.
Os cientistas estimam que o objeto 2014 MU69 tem aproximadamente 45 quilômetros, sendo 10 vezes maior e 1.000 vezes mais massivo do que os cometas típicos. Acredita-se que objetos como esse fazem parte dos blocos de construção de planetas e asteroides. Por conta de sua grande distância do Sol, conhecer esse corpo do Cinturão De Kuiper será como voltar no tempo, a cerca de 4,6 bilhões de anos atrás.
A nave espacial New Horizons está em bom funcionamento, e continua enviando dados sobre seu encontro épico com o planeta anão Plutão, que ocorreu em julho de 2015, e o voo rasante que a sonda deverá fazer no objeto 2014 MU69 poderá revolucionar a nossa compreensão do distante e misterioso Cinturão de Kuiper.
Fonte: NASA
Imagens: (capa-ilustração/NASA) / NASA / JHUAPL / SwRI / Alex Parker

domingo, 20 de setembro de 2015

VLT DO ESO CRIA MAPA METEOROLÓGICO DE UMA ESTRELA ANÃ MARROM

O Very Large Telescope do ESO foi utilizado para criar o primeiro mapa meteorológico da superfície da anã marrom mais próxima da Terra. Uma equipe internacional fez um mapa das regiões claras e escuras da WISE J104915.57-531906.1B, também conhecida pelo nome informal Luhman 16B e uma das duas anãs marrons recentemente descobertas que formam um par a apenas seis anos-luz de distância. Os novos resultados serão publicados  na revista Nature.
As anãs marrons preenchem a lacuna entre os planetas gigantes gasosos e as estrelas frias de pouco brilho. Não possuem massa suficiente para dar início à fusão nuclear nos seus centros e apenas conseguem brilhar fracamente nos comprimentos de onda do infravermelho. A primeira anã marrom confirmada foi descoberta há apenas cerca de vinte anos e só se conhecem algumas centenas destes objetos tão elusivos.

As anãs marrons que se encontram mais próximas do Sistema Solar formam um par chamado Luhman 16AB  e situam-se a apenas seis anos-luz de distância, na constelação  da Vela. Este par é o terceiro sistema mais próximo da Terra, depois de Alfa Centauri e da Estrela de Barnard, mas só foi descoberto no início de 2013. Foi descoberto que a componente menos brilhante, Luhman 16B, variava ligeiramente em brilho a cada poucas horas, à medida que girava - um indício de que poderia ter regiões bem demarcadas em sua superície.
Os astrônomos usaram agora o poder do Very Large Telescope do ESO (VLT) para, não apenas fotografar estas anãs marrons, mas também mapear regiões claras e escuras na superfície de Luhman 16B.
Ian Crossfield (Instituto Max Planck de Astronomia, Heidelberg, Alemanha), autor principal do novo artigo científico que descreve este trabalho, sumariza os resultados: “Observações anteriores sugeriam que as anãs marrons poderiam ter superfícies manchadas, mas agora podemos de fato mapeá-las. Dentro de pouco tempo, poderemos ver padrões de nuvens formando-se, evoluindo e dissipando-se nesta anã marrom - eventualmente os exometeorologistas poderão prever se um visitante de Luhman 16B poderá contar com céus limpos ou nublados”.
Para mapear a superfície da anã marrom os astrônomos usaram uma técnica inteligente. Observaram as anãs marrons com o instrumento CRIRES montado no VLT, o que lhes permitiu não somente ver o brilho variável à medida que Luhman 16B gira, mas também observar se as regiões claras e escuras estavam se movendo em direção ao observador ou afastando-se dele. Combinando toda esta informação conseguiram recriar um mapa das regiões claras e escuras situadas na superfície.
As atmosferas das anãs marrons são muito semelhantes às dos exoplanetas gigantes gasosos quentes, por isso ao estudar comparativamente anãs marrons fáceis de observar , os astrônomos podem também aprender mais sobre as atmosferas dos planetas gasosos jovens - muitos dos quais serão descobertos num futuro próximo pelo novo instrumento SPHERE, que será instalado no VLT ainda este ano.
Crossfield termina com uma nota pessoal: “A nossa anã marrom ajuda-nos a aproximarmo-nos do nosso objetivo de compreender padrões de clima em outros sistemas solares. Desde tenra idade que fui educado para apreciar a beleza e utilidade dos mapas. É muito excitante começarmos a mapear objetos localizado além do nosso Sistema Solar!

sábado, 19 de setembro de 2015

O DISTANTE ÉRIS É GÊMEO DE PLUTÃOArtist’s impression of the dwarf planet Eris

Calculado com precisão o tamanho do planeta anão no momento em que ocultou uma estrela de fraca luminosidade
Astrônomos mediram pela primeira vez de modo preciso o diâmetro de Éris, o longínquo planeta anão, no momento em que este passou em frente de uma estrela de luminosidade baixa. Este fenômeno foi observado no final de 2010 por telescópios no Chile, incluindo o telescópio belga TRAPPIST que se encontra instalado no Observatório de La Silla do ESO. As observações mostram que Éris é um gêmeo quase perfeito de Plutão em termos de tamanho. Éris parece ter uma superfície muito refletora, sugerindo que se encontra uniformemente coberto por uma fina camada de gelo, provavelmente uma atmosfera gelada. Os resultados foram publicados na revista Nature.
Em Novembro de 2010 o distante planeta anão Éris passou em frente de uma estrela de fundo de luminosidade baixa, num acontecimento a que chamamos ocultação. Estes eventos são muito raros e difíceis de observar, uma vez que o planeta anão se encontra muito longe e é muito pequeno. O próximo acontecimento do gênero envolvendo Éris terá lugar apenas em 2013. As ocultações oferecem-nos a maneira mais precisa, e muitas vezes a única maneira, de medir o tamanho e estimar a forma de corpos muito distantes do Sistema Solar.
A estrela candidata a ocultação foi identificada ao serem estudadas imagens obtidas com o telescópio MPG/ESO de 2.2 metros instalado no Observatório de La Silla do ESO. As observações foram planejadas cuidadosamente e levadas a cabo por uma equipe internacional de astrônomos de várias universidades (principalmente de França, Bélgica, Espanha e Brasil), que utilizaram, entre outros, o telescópio TRAPPIST (sigla do inglês TRAnsiting Planets and PlanetesImals Small Telescope, eso1023), também instalado em La Silla.
“Observar ocultações de pequenos corpos do Sistema Solar situados para além de Netuno requer grande precisão e planejamento. Esta é a melhor maneira de medir o tamanho de Éris, além de ir até lá, é claro!” explica Bruno Sicardy, o autor principal do trabalho.
As observações da ocultação foram feitas em 26 locais diferentes espalhados por toda a Terra e que se encontravam na trajetória prevista da sombra do planeta anão - incluindo alguns telescópios de observatórios amadores. No entanto, só foi possível observar o evento diretamente em dois lugares apenas, ambos situados no Chile: um no Observatório de La Silla do ESO com o telescópio TRAPPIST e o outro em São Pedro de Atacama, onde se utilizaram dois telescópios. Os três telescópios registaram uma diminuição do brilho da estrela distante correspondente à altura em que Éris bloqueou a sua radiação.
As observações combinadas dos dois locais chilenos indicam que Éris tem uma forma praticamente esférica. Estas medições são bastante precisas no que dizem respeito à forma e ao tamanho do objeto, mas apenas se não tiverem sido distorcidas pela presença de montanhas altas, o que dificilmente existirá num corpo gelado tão grande.
Éris foi identificado como sendo um objeto grande situado no Sistema Solar exterior em 2005. A sua descoberta foi um dos motivos que levou à criação de uma nova classe de objetos chamados planetas anões e à reclassificação de Plutão de planeta para planeta anão em 2006. Éris encontra-se atualmente três vezes mais longe do Sol do que Plutão.
Embora observações anteriores utilizando métodos diferentes sugerissem que Éris era provavelmente 25% maior do que Plutão, com uma estimativa para o diâmetro de 3000 quilômetros, este novo estudo prova que os dois objetos têm essencialmente o mesmo tamanho. O novo diâmetro calculado para Éris é de 2326 quilômetros com uma precisão de 12 quilômetros, o que torna o seu tamanho melhor conhecido que o de Plutão, que tem um diâmetro estimado entre 2300 e 2400 quilômetros. O diâmetro de Plutão é mais difícil de medir devido à presença de uma atmosfera que torna impossível detectar diretamente a sua borda utilizando ocultações. O movimento do satélite de Éris, Disnomia, foi utilizado para estimar a massa de Éris. Descobriu-se que Éris é 27% mais pesado do que Plutão. Combinando este resultado com o diâmetro estimou-se que a densidade de Éris é de 2,52 gramas por cm3
“Esta densidade significa que Éris é provavelmente um grande corpo rochoso coberto por um manto relativamente fino de gelo,” comenta Emmanuel Jehin, que participou neste trabalho .
Descobriu-se que a superfície de Éris é muito refletora, refletindo 96% da luz que lhe chega (albedo visível de 0,96 . Esta valor corresponde a uma superfície ainda mais brilhante do que neve fresca na Terra, o que torna Éris dum dos objetos do Sistema Solar mais refletores, em simultâneo com a lua gelada de Saturno, Enceladus. A superfície brilhante de Éris é muito provavelmente composta por uma mistura de gelo rico em nitrogênio e metano gelado - como nos indica o espectro do planeta - que cobre todo o planeta com uma camada de gelo fina muito refletora com menos de um milímetro de espessura.
“Esta camada de gelo pode ter resultado da condensação em gelo da atmosfera de nitrogênio ou metano do planeta anão, que atinge a superfície à medida que o planeta se afasta do Sol ao longo da sua órbita alongada e entra cada vez mais num ambiente frio,” acrescenta Jehin. O gelo pode posteriormente voltar a transformar-se em gás à medida que Éris se aproxima do ponto mais próximo do Sol, a uma distância de cerca de 5,7 bilhões de quilômetros.
Com os novos resultados a equipe pôde também estimar a temperatura à superfície do planeta anão, obtendo um resultado de no máximo -238º Celsius para a superfície iluminada pelo Sol e menos ainda para o lado noturno de Éris.
“É extraordinário o quanto podemos aprender sobre um objeto distante pequeno como Éris quando o observamos a passar em frente de uma estrela tênue, utilizando telescópios relativamente pequenos. Cinco anos depois da criação da nova classe dos planetas anões estamos finalmente a conhecer bem um dos seus membros fundadores,” conclui Bruno Sicardy.