MARAVILHA DO UNIVERSO

MARAVILHA DO UNIVERSO
Contemple a Maravilha do Universo

sexta-feira, 29 de abril de 2016

VIA LÁCTEA CRESCEU DE DENTRO PARA FORA

Via Láctea cresceu de dentro para fora

É assim que os astrônomos imaginam ser nossa galáxia, ainda que a Via Láctea possa ser 50% maior do que se calcula.[Imagem: Yan Xu et al. 
As primeiras observações entre as centenas de bilhões de estrelas da Via Láctea - as estimativas variam entre 100 e 400 bilhões - podem ter começado a brilhar há 13 bilhões de anos, antes mesmo da formação completa da galáxia.
Esta é uma importante dedução suscitada por um mapa cronográfico pioneiro das estrelas mais antigas da galáxia. A principal conclusão do trabalho é que a galáxia começou a formar estrelas de dentro para fora, ou seja, primeiro no núcleo, pipocando depois em direção à sua periferia, o halo galáctico.
Para entender o significado da pesquisa é preciso imaginar o formato da Via Láctea. Trata-se de uma galáxia em espiral, cujos braços se espraiam a partir do núcleo, formando um disco de 100 mil anos-luz de diâmetro. Em torno do núcleo galáctico, a densidade estelar, ou seja, a quantidade de estrelas próximas umas das outras, é grande.
A essa concentração de estrelas que orbitam próximas ao núcleo dá-se o nome de bojo galáctico. Afastando-se do núcleo, a quantidade de estrelas cai e, por consequência, o disco galáctico afina até chegar às bordas, na periferia da galáxia, onde a densidade estelar é rarefeita.
Mas isso é uma pequena parte da galáxia, a parte visível à maioria dos observatórios astronômicos. O disco da Via Láctea está envolto pelo halo galáctico. Trata-se de um volume de espaço esférico muitas vezes maior que o disco.
As dimensões do halo galáctico são da ordem de várias centenas de milhares de anos-luz. Ele é composto principalmente por matéria escura, uma matéria invisível e desconhecida que faz com que a galáxia mantenha a sua coesão para não se estilhaçar. Mas o halo também é composto por nuvens de hidrogênio - e por estrelas.
Via Láctea cresceu de dentro para fora
O mesmo catálogo, o SDSS, usado pelos brasileiros, mostrou que a luz desconhecida emitida pelas galáxias não é produzida por buracos negros. [Imagem: Jennifer Johnson/SDSS]
Estrelas azuis

Via Láctea cresceu de dentro para fora
As estrelas do halo podem ser divididas em três conjuntos. No primeiro, estão agrupadas as dezenas de milhares em densos aglomerados esféricos chamados aglomerados globulares.
Conhece-se cerca de 150 aglomerados orbitando a Via Láctea, mas há também dois outros conjuntos estelares. Existem estrelas que foram parar no halo porque sua velocidade de escape fez com que se desgarrassem do disco galáctico.
E há igualmente aquelas que originalmente pertenciam a outras galáxias, pequenas, que acabaram canibalizadas pela Via Láctea há bilhões de anos. São estes dois últimos conjuntos de estrelas os alvos de investigação do trabalho recém-publicado. Mais especificamente, a pesquisa envolveu um tipo particular de estrelas do halo, as chamadas "estrelas azuis do ramo horizontal".
"São estrelas gigantes, em média dez vezes maiores que o Sol, que se encontram a caminho do fim da sua vida. Aquelas estrelas já passaram da sua fase jovem, quando queimavam hidrogênio. Estão agora na fase avançada, fundindo hélio e carbono", explicou Rafael Santucci, membro da equipe.
Quando esse suprimento findar, elas encolherão e se tornarão anãs brancas, que é o mesmo futuro do Sol. Os pesquisadores pretendiam reunir um grande número dessas estrelas azuis do ramo horizontal para analisar a cor de sua luz. Com isso, talvez fosse possível estimar a sua idade.
O cálculo da idade de uma estrela é feito a partir da combinação da análise da sua cor e também da assinatura química de sua luz. "As cores das estrelas estão relacionadas com suas temperaturas, que, por sua vez, estão relacionadas com suas massas, sendo que estas regem seus tempos de vida", disse Placco.
Santucci observa que, no caso específico desta pesquisa, "as variações de idade que descrevemos no trabalho foram baseadas nas cores".
Quanto às cores das estrelas, na maioria dos casos estrelas jovens e grandes são brancas ou azuis e estrelas de porte médio são amarelas ou laranjas. Estrelas velhas, caminhando para o fim da vida, se tornam gigantes vermelhas, para na senilidade virarem anãs brancas. "Mas as estrelas azuis do ramo horizontal são uma exceção à regra. Elas mantêm a cor azul mesmo no fim da vida", disse Santucci.

Via Láctea cresceu de dentro para fora
Outra descoberta recente que surpreendeu os astrônomos foi que as estrelas não têm posição fixa na galáxia. [Imagem: Dana Berry/SkyWorks Digital/SDSS collaboration]
Segunda geração estelar
Espectroscopia é a análise da assinatura química da luz das estrelas. Quando a luz produzida no núcleo da estrela escapa, passando por sua atmosfera, qualquer elemento químico presente na atmosfera deixa sua presença marcada para sempre no espectro daquela luz. Quando os astrônomos registram a luz de uma estrela distante, uma das primeiras coisas que fazem é analisar seu espectro.
Quando o Universo começou sua expansão, havia somente três elementos químicos, o hidrogênio, o hélio e uma pequena fração de lítio. Todos os demais elementos foram forjados no coração da primeira geração de estrelas, que terminou a vida em cataclísmicas explosões chamadas supernovas. Foram os detritos daquelas explosões que semearam o meio interestelar com todos os elementos da tabela periódica.
Essa semeadura prosseguiu e prossegue até hoje, com as supernovas das gerações subsequentes de estrelas. Acredita-se que o Sol, devido à sua composição química, seja produto da evolução de diversas gerações de estrelas. Em sua atmosfera existe uma grande variedade de elementos químicos.
Ao analisar o espectro da luz das estrelas, se os astrofísicos estão à caça de astros muito antigos, irão procurar aqueles cuja assinatura química indique a presença de alguns poucos elementos químicos além de hidrogênio, hélio e lítio, notadamente o carbono e o nitrogênio, entre outros.
Quando os cientistas encontram astros com tal composição, é um forte indicativo de que se trata de estrelas muito antigas, pertencentes à segunda geração estelar do Universo. "Elas podem ser tão ou mais antigas do que a Via Láctea", afirmou Placco.

Via Láctea cresceu de dentro para fora
Os arcos gravitacionais são outro enigma envolvendo as galáxias. [Imagem: Linea/Furlanetto et al.]
Mapa de estrelas antigas
Um primeiro trabalho do gênero foi publicado em 1991. Nele, a partir do estudo de 150 estrelas, procurou-se aferir sua distância e idade. Quanto à idade, não foram bem-sucedidos. A qualidade dos dados à disposição à época ainda era rala. "Vinte e quatro anos depois, o trabalho do Rafael (Santucci) foi fazer uma nova seleção de estrelas", contou Vinícius Placco, coautor do estudo.
Para tanto, Santucci mergulhou na gigantesca base de dados do projeto Sloan Digital Sky Survey (SDSS), nos Estados Unidos, cuja meta é catalogar centenas de milhares de galáxias distantes. "Mas como as estrelas da Via Láctea estão no meio do caminho, um subproduto importante do SDSS foi descobrir muitos milhares de estrelas no halo galáctico", disse Santucci.
Ele vasculhou nos arquivos do SDSS e conseguiu pinçar 4.700 estrelas. Foi a partir do estudo dessas estrelas que se criou o primeiro mapa das estrelas mais antigas da Via Láctea. "A quantidade e a qualidade dos dados hoje à disposição são muito maiores e melhores do que aquelas do artigo de 1991", disse Placco.
Com o mapa dos dois hemisférios (acima e abaixo do disco galáctico) da Via Láctea, foi possível descobrir o seguinte: as estrelas mais antigas se formaram antes ou concomitantemente "ao colapso gravitacional da imensa nuvem de gás que formou as estrelas do centro da Via Láctea", segundo explicou Santucci.

Via Láctea cresceu de dentro para fora
Inúmeros esforços observacionais tentam vislumbrar como seria o lado oculto da Via Láctea. [Imagem: Peter Frinchaboy/Ricardo Schiavon//SDSS-3]
Crescimento invertido
"Nosso mapa mostra que os objetos mais próximos do centro da galáxia têm uma idade de cerca de 13 bilhões de anos", disse.
A partir de então, as estrelas continuaram se formando, em ordem cronológica do centro para fora. "Nosso estudo veio confirmar antigas teorias da evolução galáctica, que postulavam que as estrelas mais antigas teriam se formado no centro e as mais jovens progressivamente em direção ao halo. Ninguém tinha mostrado isto antes", disse Santucci.
Como esse resultado surpreendente não foi antecipado, os autores estão escrevendo um novo artigo para submeter à revista Science. "Trata-se de um mapa muito maior e mais preciso, feito a partir de uma amostra com 100 mil estrelas", antecipou Santucci.
Uma evidência da originalidade da pesquisa dos brasileiros está no trabalho da concorrência acadêmica. Na primeira semana de janeiro, em reunião da Associação Americana de Astronomia na Flórida, foi apresentado outro mapeamento das idades das estrelas na Via Láctea, desta vez baseado em uma amostra de 70 mil estrelas gigantes vermelhas.
O foco não foi o halo, mas o disco galáctico. O trabalho confirmou o esperado quanto ao crescimento da galáxia: começou no meio e cresceu para fora. A prova é a abundância de estrelas antigas no meio do disco, segundo Melissa Ness, do Instituto Max Planck de Astronomia, na Alemanha.

domingo, 24 de abril de 2016

GALÁXIA QUE NÃO DEVERIA EXISTIR QUESTIONA TEORIA DO BIG BANG

Galáxia que não deveria existir questiona Big Bang

Galáxia ultra-distante, tão distante e antiga que contradiz o modelo do Big Bang.[Imagem: Leopoldo Infante et al.]
Teoria versus realidade
Se o modelo atual que explica o nascimento e desenvolvimento do nosso Universo estivesse correto, uma galáxia apelidada de Tainá - "recém-nascida", no idioma aimará - não deveria existir.
Mas, contra fatos e imagens não há argumentos: muito embora Tainá não devesse existir - por ordem das teorias, claro - ela existe.
Assim, quem está incorreta é a teoria, que parece precisar de ajustes, propõe o cosmologista madrilenho Alberto Molino Benito, que descobriu a galáxia que não deveria existir junto com colegas do Instituto de Astronomia da USP (IAG/USP).
Os dados indicam que Tainá está a 13,3 bilhões de anos de nós, o que indicaria que ela existiria apenas 400 milhões de anos após o Big Bang, com um desvio para o vermelho maior que 10 - a galáxia CR7, por exemplo, que ficou famosa há poucas semanas, tem um desvio para o vermelho de 7,5.
Lente virtual
A estranha galáxia está repleta de estrelas gigantes azuis, muito jovens e brilhantes, prontas para explodir em formidáveis supernovas, que poderão virar buracos negros. Quanto ao seu tamanho, Tainá tem dimensões equivalentes à da Grande Nuvem de Magalhães, uma pequena galáxia disforme que é um satélite da nossa Via-Láctea.
Apesar do poder tecnológico combinado do Hubble e do Spitzer, Tainá é tão distante e tão tênue que se torna invisível mesmo para aqueles poderosos observatórios. "Para detectar Tainá, nosso grupo teve que recorrer a técnicas sofisticadas, como a lente gravitacional", um fenômeno previsto por Albert Einstein na sua Teoria Geral da Relatividade, conta Alberto.
Segundo Einstein, a força gravitacional exercida por um corpo de grande massa, como um aglomerado de galáxias, distorce o espaço ao seu redor. Essa distorção acaba funcionando como uma descomunal lente virtual (ou gravitacional), que deflete e amplifica a luz de objetos muito mais distantes posicionados atrás desse corpo de grande massa.

Galáxia que não deveria existir questiona Big BangSistemas planetários "pré-históricos", descobertos recentemente, também questionam os pilares do modelo do Big Bang. [Imagem: Tiago Campante/Peter Devine]
Galáxia impossível
"400 milhões de anos é muito pouco tempo para a existência de uma galáxia tão bem formada", diz Alberto. "Os modelos mais recentes da evolução do Universo apontam para o surgimento das primeiras galáxias quando ele era bem mais velho." - pelo menos 1 bilhão de anos. Afinal, 400 milhões de anos é até anterior à discutida Época da Reionização.
Só existe uma explicação para a existência de Tainá - a mais antiga das outras 22 galáxias muito tênues detectadas pelo estudo. "Elas só poderiam se formar tão rapidamente após o Big Bang se a quantidade de matéria escura no Universo fosse maior do que acreditamos", pondera o cosmólogo.
Há várias hipóteses para tentar explicar o que seria matéria escura. Porém, como ela não interage com a luz, não conseguimos enxergá-la nem conhecer sua substância. A existência da matéria escura só é inferida devido a uma ação gravitacional sobre as galáxias que não pode ser explicada pela matéria comum. Não fosse essa gravidade extra, as galáxias já teriam há muito se esfacelado.
"A única explicação para Tainá existir e ser como era quando o Universo tinha 400 milhões de anos é graças à matéria escura, que deve ter acelerado o movimento de aglomeração de estrelas para a formação das primeiras galáxias", teoriza Alberto. "Se existe mais matéria escura, as galáxias podem se formar mais rápido."
Novos telescópios
Não é possível pesquisar mais a fundo sobre Tainá e suas irmãs proto-galáxias no Universo recém-nascido, pois a tecnologia à disposição foi empregada até o seu limite. "Para saber mais, para enxergar melhor as primeiras galáxias e inferir a ação da matéria escura, temos que aguardar até 2018, quando será lançado o sucessor do Hubble, o telescópio espacial de nova geração James Webb", diz Alberto.
O James Webb terá um espelho de 6,5 metros de diâmetro, muito maior que os 2,4 metros do Hubble. Esse aumento de tamanho se traduz em aumento de acuidade. Alberto e seus colegas contam com a sensibilidade do futuro telescópio espacial para continuar contando galáxias distantes e formar o maior banco de dados tridimensional do Universo. "Só assim poderemos confirmar como se processou a formação e evolução do Universo."

terça-feira, 19 de abril de 2016

ENCONTRADO UM SUPER VAZIO QUE PODE ATÉ ABSORVER A LUZ NO UNIVERSO

A área onde fica o chamado Ponto Frio fica na constelação de Eridano no hemisfério galático sul, como mostra a imagem feita pela Agência Espacial Europeia em colaboração com o telescópio Planck (Foto: ESA e Planck Collaboration)

Universo que 'suga' luz intriga astrônomos. Cientistas afirmam que região de 1,8 bilhão de anos-luz de largura poder ser 'maior estrutura individual' já identificada pela humanidade.
 A área onde fica o chamado Ponto Frio fica na constelação de Eridano no hemisfério galático sul, como mostra a imagem feita pela Agência Espacial Europeia em colaboração com o telescópio Planck (Foto: ESA e Planck Collaboration)
A área onde fica o chamado Ponto Frio fica na constelação de Eridano no hemisfério galático sul, como mostra a imagem feita pela Agência Espacial Europeia em colaboração com o telescópio Planck (Foto: ESA e Planck Collaboration)
Astrônomos de uma universidade no Havaí podem ter decifrado um mistério de dez anos e encontrado a maior estrutura conhecida do Universo.
Em 2004, ao examinar um mapa da Radiação Cósmica de Fundo (CMB, na sigla em inglês), resíduo do Big Bang presente em todo o Universo, astrônomos descobriram uma área diferente, surpreendentemente ampla e fria, batizada de Ponto Frio.
A física que estuda a teoria do Big Bang para a origem do Universo prevê pontos quentes e frios de vários tamanhos em um Universo ainda jovem, mas um ponto tão grande e tão frio como o desta descoberta não era esperada pelos cientistas.
Mas uma equipe, liderada por István Szapudi, do Instituto de Astronomia da Universidade do Havaí, em Manoa, pode ter a explicação para a existência deste Ponto Frio que, segundo Szapudi, seria "a maior estrutura individual já identificada pela humanidade".
'Supervazio'

A cold cosmic mystery solved
Usando dados do telescópio Pan-STARRS1 (PS1), em Haleakala, Maui, e também do satélite Wide Field Survey (WISE), da Nasa, a equipe de Szapudi descobriu o que chamaram de "supervazio", uma grande região de 1,8 bilhão de anos-luz de largura, na qual a densidade das galáxias é muito menor do que o normal encontrado no Universo conhecido.
Os cientistas dizem que essa região é tão grande que é difícil encaixá-la na nossa compreensão convencional sobre dimensões e espaço.
Ela é mais fria do que outras partes do universo, e apesar de não ser um vácuo ou totalmente vazia, parece ter cerca de 20% a menos de matéria do que outras regiões.
O "supervazio", localizado a 3 bilhões de anos-luz da Terra, "sugaria" energia da luz que viaja através dela, o que explica o intenso frio da região.
Segundo os cientistas, atravessá-la pode levar milhões de anos, mesmo à velocidade da luz.
O estudo foi publicado no "Notices of the Royal Astronomical Society".

quinta-feira, 14 de abril de 2016

ESO OBSERVA OS CONFINS DO GRUPO LOCAL

A galáxia WLM na periferia do Grupo Local

Esta imagem, capturada pela câmera OmegaCAM do ESO montada no Telescópio de Rastreio do VLT, mostra a galáxia solitária chamada Wolf-Lundmark-Melotte, ou WLM. Embora se considere que este objeto faz parte do nosso Grupo Local de dezenas de galáxias, WLM encontra-se isolada na periferia do grupo, sendo um dos seus membros mais remotos. De fato, esta galáxia é tão pequena e afastada que pode nunca ter interagido com outras galáxias do Grupo Local — ou talvez até com qualquer outra galáxia na história do Universo.
Como uma tribo isolada vivendo no interior da Amazônia ou numa ilha na Oceania, a galáxia WLM oferece uma visão rara sobre a natureza primordial das galáxias que foram pouco perturbadas pelo meio ao seu redor.
WLM foi descoberta em 1909 pelo astrônomo alemão Max Wolf e identificada como galáxia cerca de 15 anos depois pelos astrônomos Knut Lundmark e Philibert Jacques Melotte — o que explica o seu nome incomum. Esta galáxia tênue está situada na constelação da Baleia, a cerca de três milhões de anos-luz de distância da Via Láctea, a qual é uma das três galáxias espirais dominantes do Grupo Local.


WLM é muito pequena e sem estrutura, daí a sua classificação de galáxia anã irregular. Mede cerca de 8000 anos-luz no seu maior comprimento, uma medida que inclui um halo de estrelas extremamente velhas descoberto em 1996 (eso9633).
Os astrônomos pensam que pequenas galáxias primordiais semelhantes interagiram gravitacionalmente umas com as outras e em muitos casos se fundiram, dando origem a galáxias compostas muito maiores. Ao longo de bilhões de anos, este processo de fusão formou as grandes galáxias elípticas e em espiral que hoje parecem ser bastante comuns no Universo moderno. Este tipo de congregação de galáxias é semelhante à maneira como as populações humanas se deslocaram ao longo de milhares de anos e se juntaram em povoações cada vez maiores, dando eventualmente origem às atuais megacidades.
WLM, no entanto, desenvolveu-se isoladamente, longe da influência de outras galáxias e das suas populações estelares. Assim, tal como uma população humana escondida, com contatos limitados com o exterior, WLM representa um “estado de natureza” relativamente imperturbável, onde quaisquer mudanças que vão ocorrendo ao longo da sua vida são praticamente independentes da atividade que ocorre em outros locais.
Esta pequena galáxia apresenta um extenso halo de estrelas vermelhas muito tênues, que se estende na escuridão do espaço à sua volta. Este tom avermelhado é indicativo da idade avançada das estrelas. É provável que este halo tenha se originado na formação inicial da própria galáxia, fornecendo-nos assim pistas interessantes sobre os mecanismos que deram origem às primeiras galáxias.
As estrelas no centro de WLM parecem ser mais jovens e mais azuis em termos de cor. Nesta imagem, as nuvens cor de rosa correspondem a regiões onde a radiação intensa emitida pelas estrelas jovens ionizou o hidrogênio gasoso ambiente, fazendo-o brilhar com um característico tom avermelhado.
Esta imagem detalhada foi capturada pela câmera de grande angular OmegaCAM, uma câmera enorme montada no Telescópio de Rastreio do VLT (VST) do ESO no Chile — um telescópio de 2,6 metros dedicado exclusivamente a rastreios no visível do céu noturno. Os 32 detectores CCD da OmegaCAM criam imagens de 256 megapixels, o que nos dá uma vista de grande angular muito detalhada do cosmos.

sábado, 9 de abril de 2016

OS MISTERIOSOS PONTOS BRILHANTES DE CERES NUNCA FORAM VISTOS DE TÃO PERTO

Pontos brilhantes em Ceres-  Cratera Occator

Novas imagens em close-up dos pontos brilhantes de Ceres. Os pontos brilhantes sugerem atividade vulcânica recente, e um oceano subterrâneo... 
Em 2015, a sonda Dawn da NASA entrou em órbita em torno de Ceres, um planeta anão localizado no cinturão de asteroides, entre Marte e Júpiter. O encontro da sonda com o planeta anão nos trouxe imagens incríveis sobre esse mundo, e de imediato, o que chamou a atenção não apenas dos cientistas, mas também de todos os entusiastas, foram os vários pontos brilhantes que salpicam parte da superfície acinzentada de Ceres.
Mas o que era a causa dos intrigantes pontos brilhantes? Ninguém tinha a resposta pra essa pergunta, mas os cientistas esperavam que novas imagens tiradas bem de perto, durante um voo rasante em fevereiro 2016, pudessem desvendar o grande mistério. E agora, finalmente, as novas imagens foram reveladas:

Pontos brilhantes em Ceres-  Cratera Occator - imagem aproximada e melhorada
Um close-up do ponto mais brilhante da superfície de Ceres, localizada no centro da Cratera Occator. Créditos: NASA / Dawn / JPL-Caltech
Como vemos na foto acima, esse é o maior ponto brilhante em Ceres, localizado no centro da cratera Occator. A sonda Dawn registrou essas imagens a apenas 385 quilômetros acima da cratera. Essa é a melhor foto já feita de um ponto brilhante em Ceres, e nos mostra uma cúpula riscada por diversas linhas e fraturas.
novas imagens close-up dos pontos brilhantes de Ceres

Visão geral da Cratera Occator. A cratera tem 92 km de diâmetro e 4 km de profundidade.
Em seu centro, é possível ver o ponto mais brilhante de Ceres. Créditos: NASA / JPL-Caltech / Dawn

No entanto, apesar de impressionantes, as imagens não resolvem o mistério das manchas brilhantes. "A geometria complexa do interior da cratera sugere atividade geológica no passado recente, mas teremos de concluir um mapeamento geológico detalhado da cratera, a fim de testar várias hipóteses para a sua formação", disse Ralf Jaumann do Centro Aeroespacial Alemão. Ele é um membro da equipe de ciência da missão Dawn, responsável pela divulgação das novas imagens na 4ª Conferência Anual de Ciência Planetária e Lunar, nos Texas, em 22 de março.
Os cientistas da missão Dawn também reportaram a descoberta de água na Cratera Oxo, que possui 9 km de diâmetro, no hemisfério norte de Ceres. Até o momento, a Cratera Oxo é a única região de Ceres em que foram encontrados depósitos de água na superfície. Os cientistas continuarão analisando a região.
Uma ideia que está ganhando força entre os pesquisadores diz que os pontos brilhantes podem ser uma crosta de sal, evidenciando uma área onde um oceano salgado poderia romper até a superfície. De fato, a densidade de Ceres sugere que 1/3 da massa do planeta anão é composta por água, e segundo alguns investigadores, Ceres pode ter mais água doce do que o nosso próprio planeta! Um mistério que pode nos trazer respostas esperançosas, afinal, se Ceres realmente possui água salgada e doce em seu interior, a vida também pode prosperar... mesmo longe dos olhos atentos da sonda...
Fonte: NASA / SpaceWeather / Dawn
Imagens: (capa-NASA / Dawn / JPL-Caltech) / NASA / JPL-Caltech / Dawn

segunda-feira, 4 de abril de 2016

COMETAS GIGANTES COLIDEM COM A TERRA COM UMA FREQUÊNCIA MAIOR DO QUE IMAGINÁVAMOS

cometas gigantes - cometas centauros

A próxima grande extinção em massa poderia ser ocasionada por um cometa gigante?
Cometas gigantes que se originam nas redondezas dos planetas gigantes gasosos do Sistema Solar representando uma ameaça de colisão com a Terra bem maior do que os asteroides, que se originam mais perto do Sol, segundo novo estudo, publicado na revista Astronomy & Geophysics da Royal Astronomical Society.
Nos últimos vinte anos, os cientistas descobriram centenas de cometas gigantes (conhecidos como Centauros) perto de Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. As descobertas são reveladoras.
No momento, nenhum cometa do grupo Centauro representa uma ameaça imediata para a Terra, mas a descoberta dessa população maciça levou um grupo de astrônomos a reavaliar a ameaça desses grandes corpos. Estimativas sugerem que pelo menos um desses cometas gigantes cruzam a órbita da Terra a cada 40.000 ou 100.000 anos, sendo espedaçado e dividido em várias partes que podem vir a colidir com a Terra. Essas colisões podem ser responsáveis ​​por desastres ambientais no passado da
Terra, e podem inclusive estar associadas com a extinção dos dinossauros a 65 milhões de anos atrás.
Lua de Saturno - Phoebe - Cassini - NASA
Lua de Saturno - Phoebe -Créditos: Cassini / NASA
A lua de Saturno, Phoebe, pode ser um cometa gigante do grupo Centauro, que foi capturado pela gravidade de Saturno em algum momento, segundo cientistas.

Os cometas Centauros têm entre 50 e 100 km de diâmetro, e se movem em órbitas instáveis ​​próximo dos planetas gigantes gasosos. Ocasionalmente, a influência gravitacional de um desses planetas pode enviar um cometa gigantesco em direção à Terra.
"Nas últimas três décadas, temos rastreado e analisado os riscos de uma colisão entre um asteroide e a Terra", disse Bill Napier, professor honorário no Centro de Astrobiologia da Universidade de Buckingham na Reino Unido. Napier é o primeiro autor em um artigo que visa reavaliar a ameaça de cometas Centauros para a Terra.
"Nosso trabalho sugere que precisamos olhar além da nossa vizinhança imediata, e olhar para fora, além da órbita de Júpiter para encontrarmos os Centauros", disse Napier. "Se estivermos certos, então estes cometas distantes poderiam ser um perigo grave, e é hora de aceitarmos e entendermos o risco."
"Perturbações graves" conhecidas no ambiente terrestre e a história da evolução de civilizações antigas sugerem que um cometa Centauro deve ter se encontrado com o nosso planeta a cerca de 30.000 anos atrás. Este cometa Centauro teria lançado um aglomerado de detritos que atingiram a Terra. Esses detritos teriam tamanhos entre grãos de areia até alguns quilômetros de diâmetro.
Os pesquisadores apontam para a existência de muitas crateras pequenas em rochas trazidas da Lua pelos astronautas das missões Apollo. Como a Lua não tem atividade geológica, e nem atmosfera, suas crateras ficam muito bem preservadas em sua superfície, e sua história antiga (de colisões, por exemplo) pode ser estudada mesmo após milênios.
As pequenas crateras encontradas em rochas lunares datam de aproximadamente 30.000 anos atrás, sugerindo que um grande cometa pode ter atingido a Terra e a Lua nessa época.
Outras perturbações ambientais aqui na Terra, que datam de 10.000 aC e 2.300 aC, sugerem que cometas Centauros poderiam ter sido os responsáveis por várias mudanças em nosso planeta, durante diferentes períodos de tempo.
Fonte: Astronomy & Geophysics / Royal Astronomical Society
Imagens: (capa-ilustração/AFP) / Cassini / NASA