MARAVILHA DO UNIVERSO

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Contemple a Maravilha do Universo

segunda-feira, 29 de agosto de 2016


PLANETA DESCOBERTO PARECIDO COM A TERRA PODE SER O MAIS IMPORTANTE ATÉ O MOMENTO

GJ 1132bApesar das altas temperaturas, os cientistas acreditam que o GJ1132b tenha atmosfera.
Chamado GJ1132b, o novo exoplaneta descrito na revista ‘Nature’ está tão próximo da superfície terrestre que possibilitará medições inéditas em sua atmosfera
GJ 1132bApesar das altas temperaturas, os cientistas acreditam que o GJ1132b tenha atmosfera. (Dana Berry/Divulgação)

Um novo planeta parecido com a Terra situado fora do Sistema Solar foi identificado pelos astrônomos a uma proximidade inédita. A 39 anos-luz (cada ano-luz equivale a 9,46 trilhões de quilômetros) da superfície terrestre, o GJ1132b está tão perto de nós (“perto” em termos astronômicos, pois nessa área as medidas costumam ser feitas em centenas de anos-luz) que possibilitará medidas na atmosfera, de massa e densidade que jamais foram feitas em um exoplaneta. Por esse motivo, o novo mundo está sendo considerado pelos cientistas como “o mais importante” planeta semelhante à Terra já encontrado.
O corpo celeste, descrito na última edição da revista Nature, está localizado na Constelação de Vela, é rochoso e está três vezes mais perto de nós que qualquer outro planeta com características semelhantes à Terra. De acordo com os astrônomos, o GJ1132b orbita uma estrela anã vermelha com um quinto do tamanho do Sol. Contudo, o planeta está tão próximo a ela que a temperatura em sua superfície pode chegar a 260°C. Isso impossibilita a retenção de água líquida e o torna inóspito para a existência de vida, mas não é quente o bastante para torná-lo incapaz de ter uma atmosfera.
“Se descobrirmos que esse planeta conseguiu ‘segurar’ sua atmosfera por bilhões de anos, isso traz bons indícios de que haja outros planetas, menos quentes, que tenham atmosferas e possam abrigar vida”, disse Zachory Berta-Thompson, pesquisador do Massachusetts Institutte of Technology (MIT) e um dos autores do estudo, em comunicado. “Finalmente temos um alvo para pontar nossos telescópios e, assim, podermos ir mais fundo na pesquisa sobre planetas rochosos.”
Alvo futuro – Para detectar o exoplaneta, os astrônomos usaram oito telescópios robóticos do Observatório de Cerro Tololo, no Chile. De acordo com os cientistas, a órbita do GJ1132b em torno de sua estrela dura 1,6 dias. Além disso, enquanto um lado do corpo celeste está à luz do dia, o outro está virado para a escuridão.
De acordo com os astrônomos, o exoplaneta será um dos principais alvos para futuras missões. Além disso, a equipe de cientistas usará os telescópios espaciais Hubble e Spitzer para observar outros detalhes do GJ1132b, como a velocidade de sues ventos ou mesmo a cor do nascer e pôr-do-sol.

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

ENCELADUS CRESCENTE MAIS UM MISTÉRIO OBSERVADO EM LUA DE SATURNO

Enceladus, uma das 62 luas de Saturno
Enceladus, uma das 62 luas de Saturno (Nasa/Divulgação)
A Nasa divulgou nova foto de Enceladus, uma das luas de Saturno que mais intriga os cientistas, pois abriga um oceano sob sua superfície gelada que poderia abrigar vida

A Nasa divulgou uma foto espetacular que mostra o satélite parcialmente coberto pela sombra de Saturno, formando um belo “crescente” acima dos anéis gelados do planeta.
A foto foi feita em 29 de julho pela sonda Cassini, que desde 2004 orbita o planeta. As lentes estavam a uma distância de aproximadamente 1 milhão de quilômetros de Enceladus. De acordo com a Nasa, tanto os anéis de Saturno quanto a lua são feitos de água congelada, mas cada um tem características próprias. Enquanto os anéis do planeta são formados de partículas geladas e, geologicamente inertes, Enceladus possui forças que aquecem seu interior e conseguem manter o que os cientistas acreditam que seja um oceano sob a superfície gelada. Para os cientistas, oceanos que reúnem água na forma líquida são os lugares mais propícios para abrigar alguma forma de vida fora da Terra.
Jatos d’água – Periodicamente, o polo Sul de Enceladus emite jatos d’água, que foram objeto de uma missão da sonda Cassini. Em 28 de outubro, a sonda completou um voo rasante sobre o satélite, em que recolheu material dos jatos, o que o cientista Chris McKay, da Nasa, chamou de “amostras grátis” do oceano submerso. O objetivo principal da missão, feita em conjunto pela Nasa, a Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) e a Agência Espacial Italiana, é verificar a quantidade de hidrogênio contido nessas gotas, que indicaria qual a energia e calor gerados pelas reações químicas que estariam ocorrendo no oceano do satélite.

<p>Vista das fraturas da superfície do polo Norte de Enceladus, lua de Saturno, em foto de 14 de outubro de 2015 feita pela sonda Cassini</p>
Enceledus: Fraturas e fissuras mostram por onde ocorre a passagem dos jatos direto para o espaço abastecendo os anéis de Saturno
Se for detectado hidrogênio e suas análises indicarem possibilidades de atividade vital, novas missões podem ser desenhadas para chegar até a Enceladus e detectar ou mesmo trazer para a Terra algumas dessas formas de vida.
Como a água é um dos ingredientes primordiais à vida na Terra, pois todas as reações químicas vitais dependem dessa substância, os cientistas acreditam que, se houver vida fora da Terra, ela poderá ser detectada em algum desses oceanos extraterrestres. Os oceanos sob a superfície congelada de Enceladus e de Europa, lua de Júpiter são as regiões mais promissoras do espaço para essa busca. Junto a elas estão Marte, que já demonstrou ter água líquida em sua superfície, e Titã, a maior lua de Saturno, que apresenta lagos de metano e uma atmosfera grossa o bastante para proteger formas de vida.

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

ASTRÔNOMOS ENCONTRAM A MAIOR ESTRUTURA JÁ OBSERVADA NO UNIVERSO

Aglomerado de galáxias", chamado de BOSS, pesa 10.000 vezes mais que a nossa Via Láctea e dista de 4,5 a 6,4 bilhões de anos-luz da Terra
BOSS é formada por 830 galáxias que, conectadas por gás quente, criam uma espécie de paredão com 1 bilhão de anos-luz de diâmetro (Nicholas Buer/VEJA)
Astrônomos afirmaram ter encontrado a maior estrutura de todo o universo. Trata-se de um superaglomerado de galáxias batizado de BOSS (chefe, em inglês), que dista de 4,5 a 6,4 bilhões de anos-luz da Terra. Segundo artigo publicado na revista Astronomy and Astrophysics, BOSS é formado por 830 galáxias que, conectadas por gás quente, criam uma espécie de paredão com 1 bilhão de anos-luz de diâmetro. O mapeamento dessa estrutura pode ajudar os pesquisadores a estudar a história da criação do universo.
Os pesquisadores, do Byron Oscilation Spectroscopic Survey (de onde surgiu o nome BOSS), alegam que o conglomerado é a maior estrutura já vista do universo (até onde conseguimos mapeá-lo). O paredão pesa 10.000 vezes mais que a nossa Via Láctea e é dez vezes maior que Sloan Great Wall, a estrutura recorde de tamanho até então descoberta em 2003 por pesquisadores da Sloan Digital Sky Survey.
Galáxias estão unidas umas às outras pela gravidade. Esses aglomerados se conectam com outros e formam grandes blocos de galáxias. Os blocos, por sua vez, são chamados de “paredes” e, vistos em escalas enormes, funcionam como teias cósmicas de matéria e espaços vazios.
Mesmo assim, o tamanho exato do superaglomerado é controverso. “Ainda não compreendi muito bem o motivo das conexões de tantas galáxias para chamá-las de uma única estrutura”, disse Allison Coil, da Universidade da Califórnia, em San Diego, à New Scientist.

domingo, 14 de agosto de 2016

TELESCÓPIO HUBBLE DIVULGA NOVA IMAGEM DO PLANETA MARTE

Imagem obtida pelo telescópio Hubble mostra visão aproximada do planeta Marte
O planeta, que entra em oposição com o Sol neste sábado, foi fotografado a 80 milhões de quilômetros da Terra quase totalmente iluminado pela luz solar
O planeta vermelho está tão “fotogênico” graças ao seu alinhamento com a Terra e o Sol – o que faz com que os planetas fiquem bastante próximos (ESA/Hubble Heritage/Nasa)
Ao passo em que se aproxima da Terra, Marte surge com cada vez mais detalhes. As lentes do telescópio Hubble captaram uma incrível imagem do planeta, feita quando o planeta estava a 80 milhões de quilômetros de distância da Terra, iluminado pela luz solar. Marte entra em oposição com o Sol na noite de sábado e está cada vez mais perto de nós  – na segunda-feira (30), o planeta deve atingir seu ponto mais próximo da Terra em 11 anos, ficando a aproximadamente 75,3 milhões de quilômetros do nosso planeta.
Marte está tão “fotogênico” graças ao seu alinhamento com a Terra e o Sol – o que faz com que os planetas fiquem bastante próximos. Marte começou a se aproximar da Terra na semana passada – e o período de aproximação deve seguir até o fim do mês.
“Como o planeta vai estar muito próximo, poderemos observá-lo com mais detalhes durante esse período”, afirma Daniel Mello, astrônomo do Observatório do Valongo, da Universidade federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Na imagem é possível observar uma névoa clara, iluminando o entorno do planeta. De acordo com os cientistas que operam o Telescópio Hubble, elas são “névoas da manhã”. A região escura a direita do planeta é identificada como a Syrtis Major Planitia, uma das primeiras características identificadas sobre a superfície marciana, descoberta no século XVII. Hoje, sabe-se que a região é um antigo vulcão inativo. Logo abaixo dessa região pode ser vista uma marca redonda no solo, que recebe o nome de Hellas Planitia, uma cratera com aproximadamente 8 quilômetros de profundidade causada pelo impacto de um meteoro no solo há 3,5 bilhões de anos.
A área avermelhada no centro é chamada Arabia Terra, uma vasta área que ocupa, aproximadamente, 4.500 quilômetros e é conhecida por ser um dos terrenos mais antigos de Marte. As regiões mais escuras do planeta, chamadas Sinus Sabaeus (a Leste) e Sinus Meridiani (a Oeste) possuem pedras e grãos de areia causados por antigos fluxos de lava vulcânica no planeta.
De acordo com a Nasa, mesmo que a aproximação entre Terra e Marte ocorra uma vez a cada 2 anos, a distância que eles atingem um do outro pode variar graças às diferentes órbitas dos dois planetas. Em 2003, foi o ano que Marte chegou mais perto da Terra em 60.000 anos: os planetas chegaram a ficar separados por ‘apenas’ 55,6 milhões de quilômetros (em parâmetros astronômicos, essa distância é relativamente muito pequena).

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

EXCESSO INESPERADO DE PLANETAS GIGANTES EM AGLOMERADOS ESTELARES

Este resultado surpreendente foi obtido com vários telescópios e instrumentos, entre os quais o espectrógrafo HARPS no Observatório de La Silla do ESO. O meio denso do aglomerado originaria interações mais frequentes entre planetas e estrelas próximas, o que poderia explicar o excesso deste tipo de exoplanetas.
Uma equipe internacional de astrônomos descobriu que existem muito mais planetas do tipo de Júpiter quente do que o esperado num aglomerado estelar chamado Messier 67.
Uma equipe chilena, brasileira e europeia liderada por Roberto Saglia do Max-Planck-Institut für extraterrestrische Physik, em Garching, Alemanha, e Luca Pasquini do ESO, passou vários anos fazendo medições de alta precisão de 88 estrelas pertencentes ao aglomerado Messier 67 [1]. Este aglomerado estelar aberto tem cerca da mesma idade do Sol, e acredita-se que o Sistema Solar teve origem num ambiente similarmente denso.
A equipe utilizou o HARPS, entre outros instrumentos, para procurar assinaturas de planetas gigantes em órbitas de período curto, esperando ver a oscilação de uma estrela causada pela presença de um objeto massivo numa órbita próxima, um tipo de planeta conhecido por Júpiter quente. A assinatura deste tipo de exoplanetas foi encontrada em três estrelas do aglomerado, juntando-se a anteriores evidências da existência de vários outros planetas.
Um Júpiter quente é um exoplaneta gigante com uma massa de mais de um terço da massa de Júpiter. Estes planetas estão “quentes” porque orbitam muito próximo da sua estrela progenitora, como indicado pelo seu período orbital (o seu “ano”) que dura menos de dez dias. São muito diferentes do Júpiter ao qual estamos habituados no nosso Sistema Solar, que tem um "ano" que dura cerca de 12 anos terrestres e é muito mais frio do que a Terra.
“Usamos um aglomerado estelar aberto como se fosse um laboratório para explorar as propriedades dos exoplanetas e as teorias de formação planetária,” explica Roberto Saglia. “Isto porque nestes locais encontramos não só muitas estrelas que possivelmente abrigam planetas, mas também temos um meio denso, no qual os planetas se devem ter formado.
O estudo mostrou que os exoplanetas do tipo de Júpiter quente são mais comuns em torno das estrelas do Messier 67 do que no caso de estrelas fora de aglomerados. “Este é verdadeiramente um resultado surpreendente,” diz Anna Brucalassi, que realizou a análise. “Os novos resultados significam que existem planetas do tipo de Júpiter quente em torno de cerca de 5% das estrelas estudadas do Messier 67 — muitos mais do que os encontrados em estudos comparáveis de estrelas que não se encontram em aglomerados, onde esta taxa é cerca de 1%.”
Os astrônomos pensam que é bastante improvável que estes gigantes exóticos se tenham formado onde os encontramos agora, uma vez que as condições do meio próximo da estrela progenitora não seriam inicialmente as adequadas para a formação de planetas do tipo de Júpiter. É por isso que se pensa que estes planetas se formaram mais afastados, tal como provavelmente também aconteceu com Júpiter, e só depois se aproximaram da estrela progenitora. O que seriam antes planetas gigantes, distantes e frios são agora objetos muito mais quentes. A questão que se põe é então: o que é que fez com que estes planetas migrassem para perto da sua estrela?
Existe um número de possíveis respostas a esta questão, mas os autores concluem que o mais provável é que esta migração seja o resultado de encontros próximos entre estrelas vizinhas, ou até entre planetas em sistemas solares vizinhos, e que o meio próximo de um sistema solar possa ter um impacto significativo no modo como este evolui.
Num aglomerado como Messier 67, onde as estrelas se encontram muito mais próximas do que a média, tais encontros poderão ser muito mais comuns, o que explicaria o enorme número de exoplanetas do tipo de Júpiter quente encontrado.
O co-autor e co-líder Luca Pasquini do ESO reflete sobre a notável história recente do estudo de planetas em aglomerados: “Até há alguns anos atrás nunca tínhamos encontrado exoplanetas do tipo de Júpiter quente em aglomerados abertos. Em três anos o paradigma mudou da total ausência destes planetas para seu excesso!”

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

VLT OBSERVA UM SISTEMA PLANETÁRIO COM TRES SOISConcepção artística do planeta no sistema HD 131399

 Demostração artística define como seria o sistema HD 131399Ab  composto de um planeta e tres estrelas formando assim um único sistema triplo.Uma equipe de astrônomos usou o instrumento SPHERE montado no Very Large Telescope do ESO para obter imagens do primeiro planeta já encontrado numa órbita extensa num sistema triplo de estrelas. Esperava-se que a órbita de um planeta deste tipo fosse instável, resultando muito provavelmente num planeta que seria rapidamente ejetado para fora do sistema. No entanto, este planeta tem sobrevivido. Esta observação inesperada sugere que tais sistemas possam ser de fato mais comuns do que se pensava anteriormente. Estes resultados serão publicados online em 7 de julho de 2016 na revista Science.
Tatooine, o planeta natal de Luke Skywalker na saga Guerra das Estrelas, era um mundo estranho com dois sóis no céu, no entanto os astrônomos acabam de descobrir um planeta num sistema ainda mais exótico, onde um observador desfrutaria ou de um dia constante, isto é, sem noite, ou de triplos nasceres e pores de sol todos os dias, dependendo das estações, estações estas que neste planeta duram mais que uma vida humana.
Este mundo foi descoberto por uma equipe de astrônomos liderada pela Universidade do Arizona, no EUA, através de imagens diretas obtidas pelo Very Large Telescope do ESO (VLT), no Chile. O planeta, chamado HD 131399Ab  não é como nenhum outro mundo conhecido — a sua órbita em torno da estrela mais brilhante das três é a maior conhecida num sistema estelar múltiplo. Tais órbitas são frequentemente instáveis, devido à atração gravitacional, complexa e variável, das outras duas estrelas do sistema, e por isso pensava-se que seria muito improvável existirem planetas em órbitas estáveis nestas condições.
Situado a cerca de 320 anos-luz de distância da Terra na constelação do Centauro, HD 131399Ab tem cerca de 16 milhões de anos de idade, o que o torna igualmente num dos exoplanetas mais jovens  descobertos até à hoje, e um dos muito poucos a serem diretamente fotografados. Com uma temperatura de 580 graus Celsius e uma massa estimada de cerca de quatro vezes a massa de Júpiter, este exoplaneta é também um dos mais frios e menos massivos a ter sido fotografado.
“HD 131399Ab é um dos poucos exoplanetas que foram diretamente fotografados, tratando-se do primeiro a ser encontrado numa configuração dinâmica tão interessante,” disse Daniel Apai, da Universidade do Arizona, EUA, e um dos co-autores do novo artigo científico que descreve estes resultados.
“Durante cerca de metade da órbita do planeta — que no total tem uma duração de 550 anos terrestres — as três estrelas estão visíveis no céu; as duas mais fracas encontram-se sempre muito juntas, variando a sua separação aparente relativamente à estrela mais brilhante ao longo do ano,” acrescenta Kevin Wagner, o primeiro autor do artigo e descobridor de HD 131399Ab.
Kevin Wagner, estudante de doutorado da Universidade do Arizona, identificou o planeta no meio de centenas de candidatos e liderou as observações de acompanhamento para verificar a sua natureza.
O planeta marca também a primeira descoberta de um exoplaneta com o auxílio do instrumento SPHERE montado no VLT. O SPHERE é sensível à radiação infravermelha, o que lhe permite detectar assinaturas térmicas de planetas jovens. Ao mesmo tempo possui sofisticadas características que corrigem distúrbios atmosféricos e bloqueiam a luz das estrelas hospedeiras que, de outro modo, seria ofuscante.
Apesar de serem necessárias observações adicionais e de longo termo para determinar de forma precisa a trajetória do planeta em torno das suas estrelas hospedeiras, observações e simulações parecem sugerir o seguinte cenário: estima-se que a estrela mais brilhante seja 80 % mais massiva que o nosso Sol (chamada HD 131399A) e que esteja sendo orbitada pelas duas estrelas menos massivas, B e C, a cerca de 300 UA (sendo que 1 UA corresponde à distância entre a Terra e o Sol). Ao mesmo tempo, as estrelas B e C rodopiam em torno uma da outra, como se fossem um haltere, separadas por uma distância de aproximadamente a distância que separa o Sol de Saturno (10 UA).
Neste cenário, o planeta HD 131399Ab desloca-se em torno da estrela A numa órbita com um raio de cerca de 80 UA, o que corresponde a cerca de duas vezes a órbita de Plutão no Sistema Solar, trazendo o planeta até cerca de um terço da separação entre a estrela A e o par B/C. Os autores apontam para a possibilidade de uma de variedade de cenários orbitais, sendo que o veredito para a estabilidade a longo prazo do sistema terá que esperar pelas observações de acompanhamento planejadas que irão limitar melhor a órbita do planeta.
“Se o planeta estivesse mais afastado da estrela mais massiva, seria certamente lançado para fora do sistema," explica Apai. “As nossas simulações de computador mostraram que este tipo de órbita pode ser estável, mas se variarmos os parâmetros apenas um bocadinho, o sistema torna-se instável muito rapidamente.”
Planetas em sistemas de estrelas múltiplas têm um interesse especial para os astrônomos e cientistas planetários porque mostram como funciona a formação planetária em cenários muito extremos. Apesar dos sistemas de estrelas múltiplas nos parecerem exóticos, uma vez que a nossa órbita se faz em torno de uma estrela solitária, o certo é que os sistemas de estrelas múltiplas são tão comuns como as estrelas individuais.
“Não é claro entender como é que este planeta acabou por ficar retido numa órbita tão extensa neste sistema extremo e não podemos ainda dizer o que é que este fato poderá significar para a compreensão dos tipos de sistemas planetários, no entanto mostra que existe mais variedade do que julgávamos possível,” conclui Kevin Wagner. “O que sabemos é que planetas em sistema de estrelas múltiplas têm sido muito pouco estudados, mas são potencialmente tão numerosos como planetas em sistemas de estrelas únicas.”